Nos últimos anos temos assistido cada vez a um maior número de atletas que utilizam meias de compressão. À primeira vista pode parecer-nos que não é mais do que uma nova “moda” utilizada por muitos corredores. Desta forma pareceu-me pertinente verificar qual o efeito das mesmas .
Quais as fundamentações para o uso das meias de compressão?
Existem várias teorias para fundamentar o uso das meias compressivas. A primeira teoria baseia no retorno venoso, ou seja, o uso das meias compressivas melhoram o retorno venoso, uma vez que o sangue tem tendência a acumular-se ao nível das pernas, tanto em repouso, como em exercício. Desta forma o uso das meias compressivas através da compressão, ao nível dos gémeos vão aumentar o aporte de oxigénio aos músculos, facilitando desta forma o retorno venoso e a consequente remoção de metabolitos recorrentes da atividade física (Ex: ácido láctico). Assim sendo a homeostase muscular será mais eficiente, melhorando a capacidade de resistência do atleta.
A segunda teoria é menos conhecida entre os atletas, no entanto não menos importante é a vibração muscular. Quando um atleta se encontra a correr, existem inúmeras forças de impacto a que os músculos e tendões do membro inferior são sujeitos, principalmente quando falamos em superfícies mais irregulares ou rígidas. Pensa-se que esta vibração pode ser uma das causas de dor muscular tardia que os atletas referem. Desta forma as meias de compressão muscular vão permitir uma maior estabilidade muscular e por conseguinte uma menor vibração muscular e maior propriocepção.
O que a Evidência Cientifica diz?
Depois de analisarmos quais as teorias acerca do uso das meias de compressão, vamos fazer uma análise dos vários estudos que fundamentam a sua utilização.
Ali et al. (2007) verificaram que não ocorrem alterações nos parâmetros fisiológicos durante ou depois de uma corrida de 10 km. No entanto, encontraram melhorias ao nível da dor muscular, apontando como possível justificação a teoria da vibração muscular.
Contrastando com estes resultados, Kremmier et al. (2009) encontraram um melhor desempenho e um melhor limiar de lactato quando utilizavam meias de compressão durante a execução da corrida. De modo semelhante, dois outros estudos verificaram um melhor desempenho e economia de corrida durante corrida de 5 Km (Chatard et al., 1998 & Bringard et al., 2006).
Byrne et al. (2001) verificou que parecia haver uma quantidade de compressão ideal, a compressão graduada seria melhor, ou seja, mais compressão na parte inferior perto do tornozelo e menos à medida que esta avança em direcção do joelho. A evidência refere que em repouso, a compressão ideal será de 20 + / - 5mmHg, mas durante o exercício o nível de compressão exata necessária é desconhecida. Além disso, é provável que exista um componente individual com o nível de compressão necessária.
Resumo das vantagens das meias de compressão:
· Aumentar o porte de oxigénio nos músculos;
· Melhorar o retorno venoso;
· Acelerar o processo de remoção do ácido láctico nos músculos;
· Reduzir a vibração muscular nos gémeos, promovendo um maior equilíbrio e por conseguinte uma menor fadiga muscular;
· Manter a temperatura do corpo (principalmente nas pernas);
· Reduzir o risco de lesões.
Como conclusão parece-me que o uso das meias de compressão são um dos investimentos a ter em consideração para quem realize corrida de longas distâncias (trail, triatlo, estrada, etc…). Chamo apenas à atenção que as meias de compressão não devem ser adquiridas pelo tamanho do pé, mas sim ajustadas pelo grau de compressão ideal e perimetria da perna.
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